sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

[Ao Vivo] Marilyn Manson - Campo Pequeno @ 1/12/2009

Depois de se ter apresentado a 17 de Junho do ano corrente no Porto, Brian Hugh Warner, mais conhecido por Marilyn Manson, marcou presença desta vez no Campo Pequeno em Lisboa.
No entanto, apesar de voltar em tão curto espaço de tempo, tal não impediu que o Campo Pequeno tivesse uma plateia muito bem composta.

Encarregues da abertura do concerto estavam os britânicos Esoterica, que com o seu álbum de estreia The Fool, produzido por John Fryer (Nine Inch Nails, HIM, Depeche Mode, etc), receberam muito boas criticas de várias estações de rádio e revistas conceituadas, em 2008.
Mas para além de The Fool, trouxeram na sua bagagem o mais recente álbum, The Riddle, lançado no passado mês de Setembro.
Foi colocado em questão, esta jovem banda, servir como banda de abertura de Marilyn Manson, devido à diferença de género musical entre ambas, mas os Esoterica cumpriram o seu papel, e com uma energia inesgotável, na sua maioria por parte do vocalista, deram um bom aquecimento para o que viria de seguida, com musicas como Scream, Silence e Watch This Drive, do mais recente álbum, e com a "ajuda" do público Don't Rely On Anyone, do aclamado The Fool, a servir como fecho da boa actuação dos britânicos.



De seguida, o palco cobriu-se de um pano negro, adivinhando uma entrada cénica, como já tem vindo a ser habitual, de Marilyn Manson.
Engane-se, quem ainda espera o Antichrist Superstar, ao assistir a um concerto deste artista, pois longe, mas não esquecidos, vão os tempos controversos de álbuns colossais como Mechanical Animals ou o próprio Antichrist Superstar.
Desde o lançamento do penúltimo álbum da banda, Eat Me Drink Me de 2007, que todo o conceito que definia Marilyn Manson mudou. Álbuns que antes se centravam em temas sobre politica, religião, drogas, etc, foram "substituídos", na sua maioria, por temas mais pessoais e íntimos sobre a vida pessoal de Marilyn Manson, mudança esta que enquanto a uns terá agradado, a outros terá certamente desiludido.

Todo este "amolecimento", não afectou apenas o trabalho de estúdio de Manson, mas também as suas prestações ao vivo, não perdendo qualidade, mas sim a controvérsia (não estando implícitos todos os boatos acerca das mesmas), e o concerto no Campo Pequeno não foi excepção.
Atrás do pano negro surgiram os primeiros vultos, projectados por uma luz vermelha como seria de esperar, e Cruci-Fiction In Space foi o tema inicial, com direito a refrão This is evolution / The monkey / The man / And then the gun a ser cantado em sintonia por parte da assistência, mas foi o segundo tema, Disposable Teens, que fez o Campo Pequeno saltar pela primeira vez naquela noite.
Ainda que de um modo mais modesto que anteriormente, a produção cénica do concerto contou com 3 cenários diferentes e claro, as diversas mudanças de adereços por parte de Marilyn Manson.



Do mais recente álbum da banda, The High End Of Low, foram quatro os temas escolhidos para fazerem parte desta prestação ao vivo.
Pretty As Swastika, serviu para ser revelado o primeiro cenário, que se estendeu até Four Rusted Horses, esta com direito a explosão de "papelinhos", mas foi definitivamente Devour, de um modo intimista e emocional e We're From America, tema este bastante acelerado, que certamente agradaram mais a maioria dos presentes.
Por entre temas, havia sempre uma pausa, fosse para mudar de adereço, casaco ou chapéu, ou para receber oxigénio (questiona-se se será mesmo real esta situação) em frente a todo o público.
As actuações de Marilyn Manson nunca foram propriamente marcadas por uma grande comunicação com o seu público, mas no Campo Pequeno houve tempo para se dirigir várias vezes ao publico Português, colocando várias vezes o microfone na sua direcção, surgir envolto numa bandeira de Portugal ou recolher da assistência uma faixa na qual estavam inscritas palavras para o guitarrista Twiggy Ramirez, e por sua vez, colocar a mesma à volta da sua cintura.



Falando em Twiggy Ramirez, que regressou este ano à banda para assumir o cargo de guitarrista, o mesmo esteve excepcionalmente bem e fez questão de deixar presente a sua marca em temas que outrora ajudara a compor como Dried Up, Tied And Dead To The World, The Love Song ou ainda Coma White e Coma Black juntas num tema único, com uma largada de balões negros por parte de Marilyn Manson.



O seguimento de músicas que colocaria fim ao à noite no Campo Pequeno foi magistral.
The Dope Show, novamente com uma produção cénica evidenciada, ecoou, no bom sentido claro, por todo o recinto, e a explosiva Rock Is Dead colocou todo o recinto a saltar mais uma vez.
Obviamente, que num concerto de Marilyn Manson não poderia faltar o tema que o transportou para a ribalta, e assim a cover de Eurythmics, Sweet Dreams (Are Made Of This), como já seria de esperar, com todo o público a cantar, fez tremer paredes.
Houve ainda tempo para mais uma cover, desta vez a polémica Rock 'N' Roll Nigger, de Patti Smith, que foi suficiente para manter as hostes aceleradas até ao tema, não surpreendente, que iria pôr fim ao concerto, The Beautiful People, tema este que fez os presentes saltarem todos em sintonia uma ultima vez, momento esse para o qual o riff monstruoso de Twiggy contribui imenso, e ainda para receber uma nova e ultima chuva de "papelinhos".



Se olharmos para o presente, pondo o passado para trás, e olharmos para o momento artístico em que Marilyn Manson se encontra, foi uma boa noite de música ao vivo, com uma boa prestação quer musical quer pessoal por parte de toda a banda.
No entanto, muitos serão aqueles que não conseguem fazer tal distinção, estando ainda à espera de espectáculos como o de 1998 na primeira edição do festival Sudoeste. Compreensível.
Mas deverá também ser compreensível, que qualquer artista tem direito a mudar, seja pessoalmente ou artisticamente, e foi isso que aconteceu com Marilyn Manson.
Quem não aceita, poderá sempre ficar apenas com lembranças dos tempos dourados de Antichrist Supertar, Mechanical Animals ou Holy Wood (In the Shadow of the Valley of Death), enquanto que quem aceita terá sempre noites como a de dia 1, para assistir a boa música ao vivo por parte de um dos maiores artistas da ultima década.


Marilyn Manson - Alinhamento:

1 - Cruci-Fiction in Space
2 - Disposable Teens
3 - Pretty as a Swastika
4 - The Love Song
5 - Irresponsible Hate Anthem
6 - Four Rusted Horses
7 - Devour
8 - Dried Up, Tied and Dead to the World
9 - Coma White / Coma Black
10 - We're From America
11 - The Dope Show
12 - Rock is Dead
13 - Sweet Dreams (are made of this) (Eurythmics cover)
14 - Rock 'n' Roll Nigger (Patti Smith cover)

Encore:

15 - The Beautiful People